Já ouviu falar na Síndrome de Hulk? O personagem de filmes e desenhos animados que se transformava em um ser extremamente forte, verde e de elevada irritação, inspirou o nome da síndrome psicológica que associa o comportamento humano a ataques de fúria. Momentos de ira e explosão, nem sempre com justificativa plausível, que assustam e podem levar a consequências irreversíveis. Assim como o personagem dos quadrinhos, quem sofre com a síndrome não suporta ser contrariado ou provocado.
A Síndrome de Hulk na verdade é um transtorno psíquico denominado TEI – Transtorno Explosivo Intermitente. Uma condição psicológica que consiste em constantes explosões de raiva e comportamentos agressivos/impulsivos. Indivíduos com essa condição não conseguem controlar seus impulsos violentos e descontam sua frustração em objetos ou em outras pessoas.
Tem como principal característica os impulsos agressivos fora de proporção com o evento desencadeante. Em muitas situações se torna um transtorno incapacitante que afeta pacientes, familiares e pessoas próximas, pois a pessoa com o TEI tem pouca ou nenhuma capacidade de controlar impulsos de raiva. A fúria pode simplesmente aparecer em situações que são comuns para algumas pessoas. No entanto, a raiva pode ser tão intensa que a pessoa pode simplesmente perder a noção da realidade e falar e fazer coisas que não condizem com a realidade, gerando grandes transtornos nas relações. Daí, o rótulo de “pavio curto”. Porém, o diagnóstico deste transtorno está associado à frequência das crises, intensidade e impacto na qualidade de vida do indivíduo.
Mas como lidar com pessoas afetadas por este transtorno? Bem, apesar de ser difícil, é preciso agir com empatia e adquirir conhecimento sobre o transtorno em questão para conseguir conviver de forma social. Desta maneira, a convivência pode tornar-se mais agradável e tolerável para todos. Lembrando que, a pessoa que sofre com a TEI, é incapaz de gerenciar seus impulsos agressivos e, em muitos casos, após o ataque de fúria, chega a sentir arrependimento, vergonha, culpa ou tristeza após a explosão.
Os acessos ocasionados por este transtorno podem ser desde leves, com xingamentos e objetos sendo jogados; até graves, com agressões físicas e destruição de propriedades. Mas, independente de como aconteçam, sua frequência e seu descontrole acabam por prejudicar a pessoa em sua vida pessoal, social e profissional. Além disso, em muitas situações, antes de ter um ataque de raiva, podem ser notados sintomas como dor de cabeça, tontura, náuseas e até alterações da consciência.
Portanto, é muito importante que pessoas classificadas com a Síndrome de Hulk ou consideradas “pavio curto” busquem a ajuda de um profissional de saúde mental para trabalhar a frequência e a intensidade de suas iras, além de mapear os estímulos que ativam os gatilhos dos ataques, no intuito de gerenciar suas emoções e seus sentimentos. Visto que, confirmado o diagnóstico de TEI, o psicoterapeuta também deverá avaliar se esse transtorno está acompanhado por outros, como abuso de substâncias, depressão, TOC e fobia social, o que é muito comum. O mais importante é ajudar o indivíduo a ter uma vida mais equilibrada e saudável em sociedade.